Do blog do jamildo
Provas compartilhadas pelo ministro Teori Zavascki,
relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), com o
Ministério Público de Pernambuco e Polícia Federal no Estado mostram que o
empresário João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho operava uma espécie de
‘delivery’ de dinheiro na capital pernambucana, a serviço de operadores ligados
ao doleiro Alberto Youssef, do Paraná.
No dia 21 de junho passado, no dia da
deflagração da Operação Turbulência, no Recife, a Polícia Federal já havia
acusado o empresário, ao lado dos também empresários Eduardo Freire Bezerra
Leite e Apolo Santana Vieira, como os “cabeças” de um esquema de desvios de
recursos públicos de obras como transposição e refinarias da Petrobras. Os três
estão presos no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel),
em Abreu e Lima.
No processo da Turbulência, uma das
principais evidências contra o empresário João Carlos Lyra são duas
representações criminais que estavam tramitando na Justiça do Paraná. Tratam-se
de homologações de acordos de colaborações premiadas firmadas pelos procuradores
do Paraná, com dois operadores nacionais do doleiro Alberto Youssef, de nomes
Roberto Trombeta e Rodrigo Morales.
Até o começo do mês de julho, eles não
eram conhecidos do público em Pernambuco.
No dia 9 de julho, o Blog de Jamildo noticiou, também com base em
informações da Polícia Federal e Ministério Público Federal, que o esquema
criminoso da Operação Turbulência foi desbaratado com ajuda de
doleiros ligados a Alberto Youssef.
De acordo com o que foi apurado no
Paraná, os operadores financeiros se valiam das contas bancárias de suas
empresas, especialmente o grupo Manwin, pertencente aos dois operadores, para
realizar retiradas em espécie a mando de diversas empreiteiras.
“Nas delações, restou explicado que, com
o passar do tempo, começaram aqueles dois (Trombeta e Morales) a utilizar
pessoas que atuam no mercado financeiro com a venda de dinheiro em espécie, de
modo que esses vendedores entregavam o dinheiro vivo aos compradores, que
faziam as transferências dos valores correspondentes para as contas das pessoas
físicas e jurídicas indicadas pelos “vendedores”, simulando um contrato
fictício para justificar tais repasses”, descrevem as autoridades policiais.
“… eles (Trombeta e Morales) indicaram
que uma das pessoas que atuaria com a venda de dinheiro em espécie, nos moldes
acima expostos, era justamente o investigado joão Carlos Lyra Pessoa de Melo”.
De acordo com dados dos inquéritos, para
comprovar as informações, os colaboradores entregaram à Justiça Federal do
Paraná diversos comprovantes de transferências realizadas a mando de João
Carlos Lyra como pagamento pelo montante em espécie adquirido.
Esses valores remontariam a mais de R$
14 milhões, entre os anos de 2010 e 2014.
A Polícia Federal ressalta ser relevante
que, dentre os beneficiários dos recursos indicados por João Carlos Lyra,
estejam diversas pessoas físicas e jurídicas investigadas no bojo do referido
inquérito policial.
Além das próprias pessoas físicas de
João Carlos Lyra e Eduardo Freire Bezerra Leite, são citados como beneficiárias
empresas como Câmara e Vasconcelos Terraplenagem, Câmboa Cerãmica Ltda, Cibell
Cred Factoring (atualmente, Mm Administradora e Gestora de Bens0, CRM Materiais
de Construção, JAVC Comércio de Cosméticos Ltda, Lalot Comércio de Combustíveis
e Lagoa Indústria e Comércio Ltda.
No inquérito, as autoridades policiais
explicam que as ponderações são mais que viáveis porque João Carlos Lyra é
proprietário atualmente de uma factoring (JCL Factoring Fomento Mercantil) e já
foi sócio de outra (Stone Consultoria e Serviços). De acordo com as
investigações, essas empresas lhe possibilitavam retirar altas somas em espécie
sem chamar a atenção dos órgãos de controle ou setores de compliance.
Um dos trechos dos inquéritos da PF é
bastante elucidativos da situação.
“Era
João Carlos Lyra quem costumeiramente oferecia dinheiro em espécie aqueles
colaboradores, seja ligando, seja comparecendo pessoalmente em seus
escritórios, invertendo completamente a lógica da atividade própria de uma
factoring, em que a pessoa interessada em obter capital de forma imediata é que
procura esse tipo de empresa e não vice-versa”.
“Além disto… os valores devidos deveriam
ter sido depositados nas contas das empresas de fomento mercantil pertencentes
a João Carlos Lyra e não nas empresas de terceiros”.
Não é só. Pelas informações dos
colaboradores, depois Joao Carlos Lyra passou a oferecer este “serviço”
diretamente à construtora OAS, sem necessidade de intermediário.
Não por acaso, era da OAS também uma das
principais obras declaradas pela empresa fantasma Câmara e Vasconcelos, de
acordo com depoimento prestado pelo empresário Paulo César Morato, na PF de
Brasília, em maio de 2015, um ano antes da deflagração da operação Turbulência.
Até aqui, o que sabia oficialmente é que
uma das ligações da suposta quadrilha local com os operadores de Youssef seria
por meio da West Pneus, de Goiás. No dia da deflagração da operação, a Polícia
Federal informou que ela estava envolvida no esquema.
No total da Operação Turbulência,
dezessete contas são registradas em Pernambuco, a maioria na Região
Metropolitana do Recife, e algumas com o mesmo endereço. Apenas uma das contas
é do Estado de Goiás, pertencente à empresa West Pneus.
Foto:
Reprodução
Quem se beneficiou?
De acordo com os dados dos inquéritos, a
hipótese investigativa levantada inicialmente pela autoridade policial era a
possibilidade de os repasses feitos às empresas utilizadas pela ‘organização
criminosa’ terem o propósito de ‘dissimular’ o custeio de dívidas de campanha
política do ex-candidato à presidência da República, Eduardo Campos, por parte
da Construtora OAS, inclusive para viabilizar a aquisição da aeronave a ser
usada na campanha. Como se sabe, o avião Cessna Citation que o socialista usava
caiu em Santos, São Paulo, em agosto de 2014. O grupo local que apresentou-se
como comprador do avião é justamente o trio preso na Operação Turbulência, João
Carlos Lyra, Eduardo Ventola e apolo Santana.
“Depois
de mais diligências terem sido feitas, a tese se reforçou, no sentido de uma
possível atuação dos investigados, há pelo menos seus anos, em transações
financeiras que objetivavam dissimular a origem espúria de ativos financeiros
provenientes, notadamente, da prática de corrupção e desvios de recursos
públicos”, descrevem as autoridades policiais.
Tuta Rosal também
Além dos dois cabeças do esquema, os
documentos da PF também relacionam o laranja Arthur Roberto Lapa Rosal, apontado
como sacador do esquema, como tendo sido favorecido com R$ 100 mil transferidos
pelas empresas pertencentes a Roberto Trombeta e Rodrigo Morales.
Além deste, relatórios do Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (COAF), repassados à PF e reproduzidos no
inquérito, comunicavam operações relacionadas ao grupo Manwin, de Trombeta e
Morales, com as contas de Eduardo Ventola.
Políticos do PP de Alagoas e empréstimo que
passou por Pernambuco
Como outro exemplo da ligação do grupo
local com os esquemas nacionais, os investigadores citam ainda, no processo
relativo à Operação Turbulência, delação premiada de Paulo Roberto Costa,
ex-diretor da Petrobras, dando conta do envio de dinheiro para Arthur lira e
Bendito Lira, do PP de Alagoas, por meio de empresas de fachada de Youssef, com
a ajuda dos operadores pernambucanos.
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